Bombeiros Voluntários de Penha comemoram 25 anos de serviços à comunidade

Bombeiros Voluntários de Penha celebram 25 anos de atuação
Foto de Por Marisco News, Penha

Por Marisco News, Penha

Uma mobilização iniciada nos anos 1990, marcada por persistência, negativas oficiais e apoio comunitário, deu origem a uma das corporações de bombeiros voluntários mais estruturadas de Santa Catarina. A história começa em 1995, dentro da Associação Comercial de Penha, quando um grupo de moradores e lideranças locais passou a discutir a necessidade urgente de uma ambulância para atender a população de Penha e Piçarras.

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A campanha, no entanto, não avançou naquele momento por falta de apoio político e acabou caindo no esquecimento. Um dos diretores da entidade, Johnny Coelho, decidiu não desistir da causa. Nos anos seguintes, enfrentou sucessivos obstáculos até viver um episódio que marcaria definitivamente sua decisão de seguir adiante.

Por volta de 1996, Johnny presenciou um grave acidente envolvendo duas crianças, na Praia Alegre. Uma delas não resistiu aos ferimentos. Ele permaneceu no local por quase duas horas aguardando a chegada de uma ambulância do Corpo de Bombeiros de Itajaí, único disponível na região à época, junto com Joinville. Diante da gravidade das lesões, pouco pôde ser feito. O episódio evidenciou a fragilidade do atendimento de emergência e reforçou a necessidade de uma estrutura local.

Na tentativa de buscar uma solução institucional, Johnny procurou apoio do Estado e do Corpo de Bombeiros Militar, mas o pedido foi negado. À época, o comando alegou falta de efetivo e avaliou que cidades pequenas não justificavam a instalação de uma corporação, considerando que Itajaí daria conta da demanda.

Diante da negativa, surgiu uma alternativa: o modelo de bombeiros voluntários. Johnny buscou apoio da Associação dos Bombeiros Voluntários de Santa Catarina (ABVESC) e do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville. O então comandante Arthur Zietz deu total apoio à iniciativa. A partir daí, começou a tomar forma um novo modelo de atendimento de emergência na região.

Em 1999, Johnny assumiu a presidência da Associação Comercial e Industrial de Penha (ACIPEN), o que deu ainda mais força ao projeto. Antes mesmo da oficialização da corporação, a entidade já havia adquirido uma Caravan ano 1979, transformada em ambulância. O veículo passou a ser utilizado por bombeiros que atuavam no posto de salva-vidas construído pela ACIPEN na Praia do Quilombo.

Durante cerca de três anos de atuação extraoficial, aproximadamente 350 ocorrências emergenciais foram atendidas. Além de custear os salva-vidas, a ACIPEN também contratou técnicas de enfermagem para atuar na viatura. A diretoria da entidade apoiou diretamente a iniciativa, com nomes como Johnny Coelho, Manoel Domingos Corrêa, o Nelo, Heinz da Heebe, Fernando Nicoluzzi, Jonni e Edilson do Beto Carrero, além de diretores já falecidos, como José Jacinto da Silva, o Zé Goiá, Rubens Nicoluzzi e Rafael Franz. João Batista Sérgio Murad, o Beto Carrero, e seu filho Alex também tiveram participação fundamental e são considerados entre os principais fundadores da corporação.

A fundação oficial ocorreu em 13 de dezembro de 2000. Logo no início, a corporação recebeu, por empréstimo, o primeiro caminhão de combate a incêndio, um Chevrolet de 1969, cedido pelos Bombeiros Voluntários de Joinville. O veículo foi reformado pela Malwee Malhas, empresa que posteriormente também doou uma ambulância e outro caminhão de combate a incêndios. O Governo do Estado, sob gestão de Esperidião Amin, também contribuiu com a entrega de viaturas e equipamentos, entregues pessoalmente no quartel.

Com o passar dos anos, a corporação se consolidou como referência regional. Além de Penha e Balneário Piçarras, passou a atender municípios como Barra Velha, Araquari, São João do Itaperiú, Ilhota, Gaspar, Navegantes, Luís Alves e até mesmo prestar apoio em ocorrências em Itajaí, em um período em que havia carência de corporações na região.

Mesmo bem equipada e reconhecida pela qualidade dos atendimentos, a corporação enfrentou dificuldades, incluindo disputas políticas e resistência institucional. Por muitos anos, não contou com apoio direto do município. O cenário começou a mudar durante o governo Evandro, teve avanços no governo Aquiles e, atualmente, conta com apoio total da gestão do prefeito Luizinho.

Johnny Coelho comandou operacionalmente a corporação por mais de 25 anos, desde a fase extraoficial dentro da ACIPEN até 2018. Durante mais de 12 anos, teve como subcomandantes Gervásio e Paulo Eduardo. Gervásio tornou-se enfermeiro padrão do Hospital Marieta e da Autopista, enquanto Paulo atua atualmente como chefe de brigada de incêndio de uma rede de shoppings e também como instrutor de bombeiros.

Em 2021, Johnny nomeou Cláudia como comandante da corporação. Em 2022, Paulo Silva assumiu oficialmente como subcomandante. Com o diagnóstico de mieloma múltiplo e amiloidose cardíaca, um câncer que afeta o coração, Johnny precisou interromper sua atuação operacional devido ao tratamento quimioterápico. Mesmo assim, permanece na presidência da corporação, oferecendo apoio institucional e estratégico à equipe de comando.

Atualmente, a corporação já ultrapassou a marca de 90 mil ocorrências atendidas. O serviço funciona 24 horas por dia e, segundo a direção, nenhum chamado da população deixou de ser atendido ao longo de sua história. Hoje, o cenário regional é diferente, com a presença da Autopista, do SAMU e de diversas corporações de bombeiros. Algumas delas, como Ilhota, Navegantes e Jaguaruna, no Sul do Estado, tiveram apoio direto da corporação de Penha em seus primeiros anos de funcionamento.

A manutenção da estrutura sempre foi um desafio. Custos elevados com viaturas, manutenção e pessoal contrastam com recursos limitados. Empresas como Costa Sul Pescados, Malwee, WEG, Nicoluzzi, Natubrás Pescados e o Beto Carrero World foram fundamentais desde o início e seguem apoiando a corporação até hoje.

Além do apoio empresarial e do poder público, a base da corporação são os milhares de bombeiros voluntários, bombeiros mirins e integrantes que passaram e ainda passam pela instituição. Segundo a atual gestão, é esse engajamento que mantém viva a missão de atendimento à comunidade.

Hoje, a corporação conta com dois caminhões de combate a incêndios, sendo um deles considerado o maior do Brasil, com capacidade para 23 mil litros de água potável, além de outro com 7.500 litros. A frota inclui ainda duas ambulâncias, uma caminhonete para pequenos resgates, um caminhão em fase de montagem com capacidade prevista entre 6 e 7 mil litros de água e uma embarcação inflável.

A nova equipe de comando segue com o compromisso de dar continuidade ao legado construído ao longo de décadas, mantendo viva a história de voluntariado, resistência e dedicação ao próximo que marcou a criação e o crescimento da corporação.

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